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Fichamento do texto "Visão Analítica da Informática na Educação do Brasil:  a questão da formação do professor"



1.      Resumo


O texto aborda de forma sucinta o início e as dificuldades na propagação do uso da informática na educação brasileira. Para tanto, relata experiências de países como Estados Unidos e França, que serviram como base e motivação para o desenvolvimento da informática na educação do nosso país e também questões inerentes ao desafio da formação do professor para trabalhar com as tecnologias na educação.Nos Estados Unidos, o uso dos computadores nas escolas é incentivado pela competição nas escolas, empresas e universidades. Essas últimas, aliás, foram as precursoras no país no que tange ao uso do computador na educação, com a criação de softwares e programas. O surgimento de microcomputadores resultou na propagação dos mesmos nas escolas tanto de 1º e 2º graus como nas universidades norte-americanas, permitindo novas formas de uso do computador. Porém, essa maciça utilização não significa necessariamente que houve uma melhora no processo de ensino-aprendizagem, pois enfatizava-se mais a transmissão da informação, a automatização do ensino e alfabetização tecnológica, ao invés da construção da aprendizagem pelo próprio aluno.Já a França destaca-se pela produção e domínio da tecnologia com o apoio do governo. A implantação da tecnologia foi feita de forma sistemática e planejada em relação criação, distribuição, manutenção de equipamentos e também na formação dos docentes para trabalhar com essas tecnologias. Porém, mesmo com todo esse investimento e esforço, como ressaltam Valente & Almeida (1997), a ênfase recaía sobre o aspecto técnico do uso dessas ferramentas na educação, de forma a preparar os discentes para o trabalho na empresa e não uma preocupação quanto ao seu potencial pedagógico.Com relação ao uso da informática na educação brasileira, seu início foi incentivado por algumas universidades públicas. O programa de informática brasileiro surge com o objetivo de provocar mudanças pedagógicas por meio da criação de ambientes de aprendizagem nos quais o aluno constrói o conhecimento. Porém esses objetivos ainda não foram alcançados.Há uma necessidade de qualificar os professores para a utilização dessas tecnologias, uma vez que há uma resistência da escola em se apropriar dessas tecnologias, não só pelo receio de serem descartados pelas mesmas, mas também pelo desconhecimento no seu manuseio.


2.      Citações Principais


“Mesmo nos países como Estados Unidos e França, locais onde houve uma grande proliferação de computadores nas escolas e um grande avanço tecnológico, as mudanças são quase inexistentes do ponto de vista pedagógico. As mudanças pedagógicas são sempre apresentadas ao nível do desejo, daquilo que se espera como fruto da informática na educação. Não se encontram práticas realmente transformadoras e suficientemente enraizadas para que se possa dizer que houve transformação efetiva do processo educacional como por exemplo, uma transformação que enfatiza a criação de ambientes de aprendizagem, nos quais o aluno constrói o seu conhecimento, ao invés de o professor transmitir informação ao aluno.” (p. 2)
“As universidades americanas ainda são as grandes formadoras de professores para a área de informática na educação. Praticamente todas as universidades oferecem hoje programas de pós-graduação em informática na educação e muito desses cursos estão disponíveis na Internet. No entanto, não é possível dizer que o processo de aprendizagem foi drasticamente alterado. A preparação dos profissionais da educação ainda é feita com o objetivo de capacitá-los para atuarem em um sistema educacional que enfatiza a transmissão de informação. Poucas são as escolas nos Estados Unidos que realmente sabem explorar as potencialidades do computador e sabem criar ambientes que enfatizam a aprendizagem.” (p. 5) “No Brasil, embora a introdução da informática na educação tenha sido influenciada pelos acontecimentos de outros países, notadamente França e Estados Unidos, a nossa caminhada foi muito peculiar. A influência exercida por estes países foi mais no sentido de minimizar os pontos negativos e enfatizar os pontos positivos ao invés de servir como modelo para uma reprodução acrítica. No nosso caso, o êxito não é maior por uma série de razões, desde a falta de equipamento nas escolas e, portanto, a falta de um maior empenho na introdução da informática na educação, até um processo de formação de professores frágil e lento. A formação de professores para implantar as transformações pedagógicas almejadas exige uma nova abordagem que supere as dificuldades em relação ao domínio do computador e ao conteúdo que o professor ministra. Os avanços tecnológicos têm desequilibrado e atropelado o processo de formação fazendo com que o professor sinta-se eternamente no estado de "principiante" em relação ao uso do computador na educação.  “A formação do professor deve prover condições para que ele construa conhecimento sobre as técnicas computacionais, entenda por que e como integrar o computador na sua prática pedagógica e seja capaz de superar barreiras de ordem administrativa e pedagógica. Essa prática possibilita a transição de um sistema fragmentado de ensino para uma abordagem integradora de conteúdo e voltada para a resolução de problemas específicos do interesse de cada aluno. Finalmente, deve-se criar condições para que o professor saiba recontextualizar o aprendizado e a experiência vividas durante a sua formação para a sua realidade de sala de aula compatibilizando as necessidades de seus alunos e os objetivos pedagógicos que se dispõe a atingir.”


3.      Comentários Pessoais


Fiquei até um tanto surpresa ao ver no texto que os avanços pedagógicos com o uso da informática na educação em países como EUA e França são quase os mesmos que no Brasil. Em minha opinião, era de se esperar que países com desenvolvimento econômico e educacional mais avançado tivessem um resultado melhor no que diz respeito às transformações pedagógicas em face do uso dessas tecnologias na educação. Isso constata o fato de que o desenvolvimento tecnológico não irá desencadear necessariamente em avanço pedagógico se não houver uma mediação adequada e necessária. Para isso é necessária uma preparação sólida e consistente do professor. O computador sozinho não adianta!


4.      Questionamentos


Quanto ao fato de nos Estados Unidos o fato do uso das tecnologias ser incentivado pela competição entre as escolas, associei-me ao fato de que aqui no Brasil já se tornou usual a prática de algumas escolas e cursinhos pré-vestibulares “presentearem’ os alunos com tablets e outros equipamentos tecnológicos caso eles efetuem a sua matrícula nessas instituições. Será que essas tecnologias vão mesmo propiciar uma melhora pedagógica no processo de ensino-aprendizagem? No caso aqui relatado estão sendo usadas mais como estímulo à “comercialização” da educação e competição entre escolas para atrair “clientes”!



 Referência Bibliográfica 

VALENTE, José Armando; ALMEIDA, Fernando José. Visão Analítica da Informática na Educação do Brasil: a questão da formação do professor. 1997. Disponível em: < http://www.geogebra.im-uff.mat.br/biblioteca/valente.html>.

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